Confesso que nunca fui grande fã de viagens muito longas, nomeadamente em comboio e sobretudo autocarro. Tenho uma enorme dificuldade em dormir em movimento. Mas há excepções! E fazer a viagem do comboio trans-siberiano seria sempre uma delas! É um dos sonhos que me acompanha
Esta é uma viagem de quase oito mil quilometros e tem três trajectos possíveis: O Trans-Manchúria, que liga Moscovo a Pequim, atravessando a Manchúria, o Trans-Siberiano propriamente dito que liga Moscovo a Vladivostok, e o Trans-Mongol que liga Moscovo a Pequim, atravessando a Mongólia. Apesar de ser uma adaptação do Trans-Siberiano, é do Trans-Mongol que vos vou falar pois considero-o culturalmente o mais interessante, em comparação com o Trans-Manchúria, e mais agradável que o Trans-Siberiano propriamente dito, pois este último tem os últimos três dias de viagem passados exclusivamente no comboio.
Moscovo
Antes de subir a bordo, nada como aproveitar uns dias em Moscovo para conhecer algo desta cidade intrigante. Destaques? A Catedral de São Basílio na Praça Vermelha e as fantásticas estações de Metro que equipam a cidade! Se houver tempo, não percam de vista o Mausoléu de Lenine, o Museu do KGB e outros símbolos do passado repressivo do país. A nível social e de convivência, não hesite em passar na Praça Pushkin ou fazer compras no Boulevard Ring.
Kazan e Yekaterinburg
Após uma possível primeira paragem em Kazan, onde pouco mais há para ver do que o Kremlin local, paragem em Yekaterinburg, nos Montes Ural, fronteira da Europa com a Ásia. Nesta cidade, fundada por Catarina, a Grande, e que agora é um centro comercial, qui poderão visitar uma Igreja situada no preciso local onde o último Czar e a sua família foram enterrados, as inevitáveis marcas da época comunista, a Mansão Rastorguez e o parque nas suas traseiras, e ainda alguns edifícios belíssimos.
Lago Baikal
Após passagens por Novosibirsk, Krasnoyarsk e Irkutsk, onde não há muito para conhecer, excepção feita ao povo siberiano, que se considera um povo à parte dado que a sua região foi durante tanto tempo um local de exílio, eis que se chega às águas do Baikal, o maior e mais fundo lago da Ásia. Com cerca de 645 km de comprimento e 80 de largura, tem 1637 metros de profundidade, o que o torna mais num mar do que propriamento num lago. Estima-se que 20% da provisão de água doce do planeta esteja contida no lago. Com uma história geológica de 250 milhões de anos e um número extenso de espécies endógenas, incluido a foca Baikal, está considerado Património da Humanidade pela UNESCO. É um local de paragem obrigatória, até para apreciar a água transparente.
Ulan Ude
O comboio segue então viagem para leste ao longo da enorme margem do Lago Baikal, seguindo até Ulan Ude. Aí chegados, e tendo já percorrido 5500 quilometros, encontra-se uma cidade com fortes tradições budistas e um museu etnográfico fascinante, no qual inúmeros artefactos religiosos entre os quais se inclui um belo Atlas tibetano de Medicina, foram preservados, após terem sido banidos durante a era Soviética. Apesar da forte implantação Budista, os sinais da era comunista continuam a ser uma presença constante.
Após sair de Ulan Ude, onde os carris do Trans-Siberiano (daqui segue-se directamente para Vladivostok, sem paragens) divergem finalmente do Trans-Mongol seguem-se múltiplas horas de viagem até à Mongólia, passando pela cidade fronteiriça de Naushki. A partir daqui entramos num território estéril de estepes, que reforçam o aspecto selvagem de todo o trajecto
Mongólia - Ulaan Baatar e Deserto de Gobi
Entrados na Mongólia, a paisagem pouco muda. A novidade e o avistar de gers, tradicionais tendas redondas usadas por pastores e familiares, a preencher os vales e as colinas.
Chegados a Ulaan Baatar, recomenda-se a paragem! Apesar da cidade ser um pouco descaracterizada, são oferecidos vários circuitos que partem da cidade através das estepes circundantes, os quais são verdadeiras amostras da vida tradicional mongol.
Os mais aventureiros, gastronomicamente falando, podem mesmo experimentar manteiga de iaque e leite de água.
Regressados ao comboio, enfrenta-se de seguida o temível Deserto de Gobi, mesmo a sul de Ulaan Baatar. Aqui desde logo se começarão a ver camelos e múltiplos acampamentos de Gers
China
Próximo destino: China! A viagem prosegue até à chegada à cidade fronteiriça chinesa Erlyan. Aqui, paragem obrigatória, mas não para saída. Tem de se preencher a papelada e enquanto isso as carruagens são levantadas para se mudar o eixo das rodas: na China a bitola dos carris é diferente. Burocracias completas, questões técnicas também, o comboio ruma a Sul, em direcção a Pequim, com passagem perto da Grande Muralha da China.
Quanto a Pequim... Bem, Pequim é uma cidade à parte, e só para falar dela teria de escrever outro post tão grande como este! Aí chegados, a sugestão que vos dou é que explorem de metro, táxi ou em áreas como os meandros de Back Lakes, a pé. Lugares como o Palácio de Verão, a Cidade Proibida, pedaços próximos da Grande Muralha em Badaling e Mutianyu e o nome inspirador de Pavilhão da Harmonia Preservada (Hall of Preserving Harmony) ou Templo do Céu (Temple of Heaven) fornecem vislumbres dentro desta grande civilização de surpreendente riqueza histórica. Para conhecer a história mais recente, não perca o Chairman Mao Memorial Hall ou a Praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial)
Um dia hei-de fazer isto...
P.S. Nenhuma das fotos utilizadas neste post é da minha autoria.
Moscovo
Antes de subir a bordo, nada como aproveitar uns dias em Moscovo para conhecer algo desta cidade intrigante. Destaques? A Catedral de São Basílio na Praça Vermelha e as fantásticas estações de Metro que equipam a cidade! Se houver tempo, não percam de vista o Mausoléu de Lenine, o Museu do KGB e outros símbolos do passado repressivo do país. A nível social e de convivência, não hesite em passar na Praça Pushkin ou fazer compras no Boulevard Ring.
Kazan e Yekaterinburg
Após uma possível primeira paragem em Kazan, onde pouco mais há para ver do que o Kremlin local, paragem em Yekaterinburg, nos Montes Ural, fronteira da Europa com a Ásia. Nesta cidade, fundada por Catarina, a Grande, e que agora é um centro comercial, qui poderão visitar uma Igreja situada no preciso local onde o último Czar e a sua família foram enterrados, as inevitáveis marcas da época comunista, a Mansão Rastorguez e o parque nas suas traseiras, e ainda alguns edifícios belíssimos.
Lago Baikal
Após passagens por Novosibirsk, Krasnoyarsk e Irkutsk, onde não há muito para conhecer, excepção feita ao povo siberiano, que se considera um povo à parte dado que a sua região foi durante tanto tempo um local de exílio, eis que se chega às águas do Baikal, o maior e mais fundo lago da Ásia. Com cerca de 645 km de comprimento e 80 de largura, tem 1637 metros de profundidade, o que o torna mais num mar do que propriamento num lago. Estima-se que 20% da provisão de água doce do planeta esteja contida no lago. Com uma história geológica de 250 milhões de anos e um número extenso de espécies endógenas, incluido a foca Baikal, está considerado Património da Humanidade pela UNESCO. É um local de paragem obrigatória, até para apreciar a água transparente.
Ulan Ude
O comboio segue então viagem para leste ao longo da enorme margem do Lago Baikal, seguindo até Ulan Ude. Aí chegados, e tendo já percorrido 5500 quilometros, encontra-se uma cidade com fortes tradições budistas e um museu etnográfico fascinante, no qual inúmeros artefactos religiosos entre os quais se inclui um belo Atlas tibetano de Medicina, foram preservados, após terem sido banidos durante a era Soviética. Apesar da forte implantação Budista, os sinais da era comunista continuam a ser uma presença constante.
Após sair de Ulan Ude, onde os carris do Trans-Siberiano (daqui segue-se directamente para Vladivostok, sem paragens) divergem finalmente do Trans-Mongol seguem-se múltiplas horas de viagem até à Mongólia, passando pela cidade fronteiriça de Naushki. A partir daqui entramos num território estéril de estepes, que reforçam o aspecto selvagem de todo o trajecto
Mongólia - Ulaan Baatar e Deserto de Gobi
Entrados na Mongólia, a paisagem pouco muda. A novidade e o avistar de gers, tradicionais tendas redondas usadas por pastores e familiares, a preencher os vales e as colinas.
Chegados a Ulaan Baatar, recomenda-se a paragem! Apesar da cidade ser um pouco descaracterizada, são oferecidos vários circuitos que partem da cidade através das estepes circundantes, os quais são verdadeiras amostras da vida tradicional mongol.
Os mais aventureiros, gastronomicamente falando, podem mesmo experimentar manteiga de iaque e leite de água.
Regressados ao comboio, enfrenta-se de seguida o temível Deserto de Gobi, mesmo a sul de Ulaan Baatar. Aqui desde logo se começarão a ver camelos e múltiplos acampamentos de Gers
China
Próximo destino: China! A viagem prosegue até à chegada à cidade fronteiriça chinesa Erlyan. Aqui, paragem obrigatória, mas não para saída. Tem de se preencher a papelada e enquanto isso as carruagens são levantadas para se mudar o eixo das rodas: na China a bitola dos carris é diferente. Burocracias completas, questões técnicas também, o comboio ruma a Sul, em direcção a Pequim, com passagem perto da Grande Muralha da China.
Quanto a Pequim... Bem, Pequim é uma cidade à parte, e só para falar dela teria de escrever outro post tão grande como este! Aí chegados, a sugestão que vos dou é que explorem de metro, táxi ou em áreas como os meandros de Back Lakes, a pé. Lugares como o Palácio de Verão, a Cidade Proibida, pedaços próximos da Grande Muralha em Badaling e Mutianyu e o nome inspirador de Pavilhão da Harmonia Preservada (Hall of Preserving Harmony) ou Templo do Céu (Temple of Heaven) fornecem vislumbres dentro desta grande civilização de surpreendente riqueza histórica. Para conhecer a história mais recente, não perca o Chairman Mao Memorial Hall ou a Praça Tiananmen (Praça da Paz Celestial)
Um dia hei-de fazer isto...
P.S. Nenhuma das fotos utilizadas neste post é da minha autoria.